06/12/2024
Nos dias 10 e 11 de dezembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizará sua última reunião do ano. Durante o encontro, os nove integrantes do comitê decidirão o índice final da taxa básica de juros, conhecida como Selic. A expectativa do mercado aponta para um aumento da taxa, que pode passar de 11,25% ao ano para 11,75% ao ano, em um contexto de superação do teto da meta de inflação.
A Selic desempenha um papel central na política monetária do país, sendo utilizada pelo Banco Central para regular os índices inflacionários. Além disso, a taxa é referência para outros juros, como os aplicados a empréstimos e investimentos financeiros.
Um aumento na Selic tende a encarecer o crédito, dificultando o acesso a financiamentos e reduzindo o consumo, com impactos significativos na economia.
Efeitos da Selic elevada no mercado e na economia
No setor financeiro, a elevação da Selic implica custos mais altos para a dívida de empresas e consumidores. Essa dinâmica reflete-se na contratação de crédito, que se torna mais restritiva, e no aumento do custo de vida. Além disso, a taxa elevada reduz a busca por investimentos na bolsa de valores e afeta a taxa de câmbio, diminuindo a procura por ativos de risco.
De acordo com o sócio fundador da MÁLAGA Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária, Flávio Málaga, o cenário atual apresenta desafios significativos para o mercado acionário.
“Com o aumento da Selic, o custo da dívida corporativa cresce, alterando o cálculo do valor justo das ações das empresas listadas e desestimulando investimentos na bolsa”, afirmou o especialista.
Análise de impacto no mundo corporativo
Um estudo realizado pela MÁLAGA Assessoria detalha os impactos da alta da Selic no setor empresarial:
Rentabilidade corporativa: entre as 261 empresas listadas na B3 com liquidez, 75% apresentaram rentabilidade inferior a 13,5% ao ano em 2024. Considerando a taxa básica de 11,25%, aliada ao prêmio de risco, observa-se que a maioria das empresas não consegue superar o custo do capital;
Rentabilidade média: a rentabilidade média foi de 7,76% ao ano, enquanto a mediana atingiu 9,3%. Em contrapartida, 45 empresas registraram rentabilidade negativa no período;
Perda de valor de mercado: o valor agregado das 261 empresas reduziu-se de US$ 554 bilhões no início do ano para US$ 406 bilhões, representando uma queda de 27% em nove meses. Esse recuo, que totaliza US$ 148 bilhões, afetou 228 empresas, evidenciando o caráter sistêmico do fenômeno.
Málaga acrescenta que a alta da taxa de juros reflete uma conjuntura econômica desestruturada, sendo um sintoma e não a causa do problema. Segundo ele, “cabe ao governo identificar as causas estruturais e implementar medidas para corrigi-las”.
Perspectivas para a economia
Com a Selic em patamares elevados, os efeitos colaterais abrangem a retração do consumo, a desaceleração dos investimentos e a dificuldade em atrair capital produtivo. Além disso, o custo do dinheiro encarece a dívida corporativa, comprometendo a rentabilidade e os modelos de negócios em vários setores da economia.
Os desdobramentos dessa decisão serão acompanhados de perto por economistas e investidores, que avaliam os impactos da política monetária sobre o crescimento econômico e a estabilidade financeira do país. O Copom encerra o ano com uma decisão crucial para os rumos da economia em 2025.
Com informações MÁLAGA Assessoria em Finanças Corporativas e Contabilidade Societária
Fonte: Contábeis
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